Seg, 18 de junho de 2018, 13:44

Encontro Regional de Ciências da Informação discute desafios da inclusão
Evento foi realizado de 11 a 15 de junho e contou com profissionais e estudantes de diversas áreas

Com o objetivo de discutir os desafios da inclusão na prática pedagógica, o Departamento de Ciências da Informação (DCI) da Universidade Federal de Sergipe – em parceria com a Associação Brasileira de Ciências da Informação (ABCIN) – realizou de 11 a 15 de junho o 2º Encontro Regional de Educação em Ciências da Informação (Erecin).

Durante o evento, que ocorreu na Didática V do campus de São Cristóvão, profissionais e estudantes das áreas de Biblioteconomia, Arquivologia, Gestão da Informação Ciências da Informação e Museologia trocaram experiências e refletiram sobre as possibilidades de ampliar suas diretrizes no tema.


Erecin 2018 aconteceu na UFS (Foto: Schirlene Reis)
Erecin 2018 aconteceu na UFS (Foto: Schirlene Reis)

No última sexta-feira, 15, a mesa redonda “A inclusão no contexto do ensino, pesquisa e extensão na ares de CI” proporcionou um debate pontual e bastante significativo sobre a inclusão na realidade das Instituições de Ensino Superior.

De acordo com a professora e pesquisadora em Ciências da Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional pela Universidade de Salamanca Maria Lígia Pomim Valentim (ABCIN), o conceito de inclusão é bastante amplo e deve levar e consideração a individualidade do ser humano.

“Fala-se muito em inclusão como se ela fosse um padrão, algo igual e necessário a todas as pessoas com necessidades especiais, e isso não procede em qualquer que seja a área. Os deficientes visuais, por exemplo, diferem entre si, assim como os deficientes físicos, auditivos e pessoas com deficiência cognitiva. Todos nós somos diferentes em essência e não se deve categorizar o indivíduo pela deficência que possui. A inclusão deve – e precisa - ser mãos que isso”, explica Maria Lígia Pomim.

O professor de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA) Jonathas Luiz Carvalho Silva também integrou a mesa redonda e abordou as diferentes perspectivas entre inclusão e exclusão no ambiente do Ensino Superior, enfatizando que os dois conceitos não necessariamente pautam questões opostas.

“É importante levar em consideração que o conceito de exclusão vai além do oposto de inclusão. Muitas vezes, sobretudo no âmbito acadêmico, incluímos os estudantes nas aulas, na comunidade, nos projetos, mas eles continuam sendo marginalizados perante a sociedade como um todo e essa exclusão – a da marginalização – também precisa ser pautada, discutida e corrigida da melhor forma. Incluir é absolutamente necessário, mas trabalhar os processos de exclusão deve ser uma tarefa cotidiana”, salienta o professor.

Buscando abordar os mecanismos de ingresso no Ensino Superior e pontuar estratégias inclusivas , o pesquisador em Ciências da Informação Oswaldo de Almeida Junior salientou os equívocos do processo seletivo brasileiro e o quanto ele é exclusivo.

“De uma forma geral, toda a educação brasileira está voltada única e exclusivamente para a memorização e não para o real conhecimento das disciplinas e das suas possíveis aplicações. Um estudante que não enxerga direito reprova em disciplinas como fotografia ou desenho geométrico não pela falta de conhecimento, mas porque o processo de avaliação é geral, não sendo levadas em considerações suas particularidades. Pessoas com questões cognitivas também podem obter resultados excelentes se tabalhássemos outros métodos de avaliação. No entanto, as escolas e universidades querem números, notas, alunos com a imensa capacidade de memorizar, sem a real preocupação com a qualidade daquele profissional.”, salienta Oswaldo.

Em sua fala, ele ainda discutiu a exclusão do próprio ambiente acadêmico perante a sociedade como um todo. “Socialmente, somos tratados como privilegiados pela inserção no ambiente acadêmico, mas enquanto pautarmos as nossas necessidades exclusivamente neste cenário, em nada vamos evoluir, em nada vamos incluir”, disse.

Ascom

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Atualizado em: Seg, 18 de junho de 2018, 13:49
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