Como resultado de um projeto de extensão do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), estudantes do Colégio Estadual Murilo Braga, localizado em Itabaiana (SE), participaram da 45ª Jornada de Foguetes, em Barra do Piraí (RJ). O evento, que ocorreu de 25 a 28 de setembro, resultou para os alunos sergipanos em duas medalhas de ouro, uma de prata e o título de melhor marca de lançamento de Sergipe, alcançando o terceiro lugar nacional, com 322,2 metros de distância.
A ação de extensão da UFS, intitulada Fabricação e Lançamento de Foguetes Educacionais com Materiais de Baixo Custo, foi submetida pelo Departamento de Física da UFS Campus Itabaiana a um edital da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) como uma atividade que consiste em construir e lançar foguetes artesanais fabricados com corpo em garrafa pet e cano PVC. O objetivo é estimular discentes do Ensino Médio a fazerem parte da Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), que é uma olimpíada anual promovida pela Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), na qual esses alunos constroem e lançam o mais distante possível os seus foguetes.
O projeto foi submetido pelo docente Camilo de Jesus e pelo técnico de laboratório José Menezes, ambos da UFS, que elaboraram e coordenaram as atividades. “Criamos uma equipe organizadora composta por cerca de 20 alunos de graduação do próprio campus Itabaiana, de diversos cursos, como também servidores, professores e terceirizados que participaram de forma voluntária. O público-alvo final foram alunos de Ensino Médio do Colégio Estadual Murilo Braga, em Itabaiana, e tivemos a participação de 60 deles. A Mostra Brasileira de Foguetes é uma competição anual realizada pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), que incentiva o interesse dos estudantes pela astronomia e ciências espaciais. A competição é aberta para estudantes de todo o país, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Para participar, os estudantes devem construir e lançar foguetes utilizando materiais simples, como garrafas pet e papelão. O objetivo é alcançar o maior alcance possível com o menor peso do foguete”, explica José Menezes.
De acordo com ele, as melhores equipes são selecionadas para participar da Jornada de Foguetes, que é realizada na cidade de Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. “Neste projeto ensinamos os discentes a produzir foguetes utilizando garrafas pet e explorar a parte teórica envolvida no lançamento de foguetes, tais como Leis de Newton, gravidade, lançamento oblíquo, impulso etc. Além de incentivar a participação na MOBFOG, durante o processo de construção e lançamento dos foguetes, os alunos têm a oportunidade de desenvolver habilidades práticas, de melhorar sua capacidade de trabalho em equipe, planejando, organizando e pensando na resolução de problemas. Espera-se, dessa forma, estimular o interesse dos jovens pela física e astronomia, além de despertar seu interesse pela ciência e tecnologia”, declara Menezes.
Incentivo
Uma das participantes da competição foi a estudante Maria Clara Mendonça, do 2° ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Murilo Braga. Ela integrou a Oficina de Fabricação de Foguetes na UFS e a I Mostra do Colégio Estadual Murilo Braga de Foguetes, sendo selecionada para a Jornada de Foguetes no Rio de Janeiro.
“Achei extremamente importante a iniciativa do professor José, muitas equipes participando, ele trouxe para o Murilo Braga, com a colaboração dos estudantes da UFS, um formato de evento tão interessante e que não conhecíamos. O concurso de foguetes foi uma experiência muito boa, teve áreas restritas para o lançamento de foguetes, com toda a segurança necessária, e a UFS é extremamente importante por colaborar, trazer esse conhecimento, nos auxiliar com equipamentos, ajudar na organização. Não é só isso. As oficinas e o evento em si me fizeram descobrir uma nova paixão, me fizeram sair da monotonia das fórmulas da física, das ‘decorebas’. Eu descobri que a física é uma coisa diária, tudo contém química, física. Com essas ações colocamos o que estudamos em sala de aula na prática, dá vontade de estudar, de aprender, de pesquisar, foi uma ação revolucionária em minha vida, extremamente importante”, comemora a estudante, cuja equipe trouxe medalha de ouro e troféu de campeão na competição, ficando em 3° lugar nacional e 1° lugar em Sergipe.
O aluno Victor Hugo Santos, do 1º ano do Ensino Médio, também esteve na competição. “É algo que traz pessoas de outros lugares do Brasil para poder se conhecer e disputar entre si para ter o maior alcance, trazer mais aprendizado, vontade de conhecer novas áreas e também vem a parte de fazer novas amizades. A UFS, com o professor José Menezes, nos ajuda muito em todos esses processos de construção de foguetes e de aprender”, disse o aluno.
Resultados
No Rio de Janeiro, nove alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Murilo Braga, acompanhados do professor de Física José Menezes e da coordenadora pedagógica Jéssica Eleodoro, participaram da 45ª Jornada de Foguetes. “A Equipe 75 - Ártemis conquistou a marca de 322,2 m. Isso rendeu medalha de ouro e troféu de campeão. Esse alcance ficou em terceiro lugar nacional na turma da Jornada de Foguetes mais disputada de todos os tempos, tendo alcances extraordinários e recordes. Também retornamos do evento com o primeiro lugar consecutivo de Itabaiana e de todo o estado de Sergipe, disputando com outras escolas públicas, particulares e institutos federais. A Equipe 77 - Os Galácticos do CEMB atingiu a marca de 268 m. Também conquistaram medalha de ouro e troféu de campeão. Membros desta equipe também participaram da Jornada de Foguetes em 2022 e, agora em 2023, ultrapassaram a própria marca anterior. A Equipe 76 - Ação e Reação atingiu a marca de 227,9 m, conquistando medalha de prata e troféu de vice-campeão. Junto comigo na atividade estava o professor Camilo Bruno”, resumiu o técnico de laboratório José Menezes, do Departamento de Física da UFS, que elaborou e coordenou as atividades.
“Os alunos utilizaram de materiais de baixo custo e de fácil aquisição, tais como canos, conexões de PVC e garrafas pet, dentre outros itens de papelaria. Fabricaram as bases dos foguetes de acordo com as modalidades da MOBFOG e alterações de acordo com as regras da competição. Também foram confeccionados os foguetes, seguindo os referenciais teóricos ensinados e também seguindo o regulamento. A etapa seguinte consistiu em cada equipe efetuar os lançamentos testes e, em seguida, os lançamentos oficiais. Cada equipe de três alunos construiu uma base e até dois foguetes. Durante os lançamentos foram permitidos apenas dois por equipe, prevalecendo aquele com maior alcance. Após os lançamentos, as equipes foram classificadas de acordo com os alcances obtidos e esses resultados foram submetidos na inscrição dos mesmos na MOBFOG 2023”, detalhou Menezes.
Ascom/Secomi